Botafoguenses de Coração,
O sentimento de quem esteve ontem o Engenhão foi de impotência. Fomos contaminados pelo mesmo vírus da apatia que assolou todo o time alvinegro.
CONFORMIDADE
E o pior sentimento possível é o de conformidade. Sim, somos o reflexo do que vemos em campo. E essa correlação time x torcida, no momento, é o retrato do que sente o torcedor apaixonado quando está diante de tamanha falta de respeito por esta centenária instituição. O BOTAFOGO não merece um time que não honre suas tradições, sobretudo uma equipe sem brios, que se conforma e se entrega às primeiras adversidades, com a agravante de que sabem o que deve ser feito, e não o fazem. Isso, para nós torcedores, é imperdoável. Talvez sejamos a torcida carioca mais parcimoniosa, e com apenas 8 rodadas de uma competição que tem 38 jogos, já nos vimos como virtuais rebaixados para a segundona 2009. Sim, pois o problema não é tão somente a falta de qualidade, e sim, a falta de responsabilidade. E, como sempre, quem sofre somos nós, sobretudo o torcedor mirim, esse não entende ainda o porquê de tanto sofrimento, uma agonia que parece sem fim para quem ainda está no início de um namoro para quem sabe um dia, amar eternamente o Botafogo.
“ TIRE O SEU SORRISO DO CAMINHO, QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA DOR...”
O fragmento da música de Nelson Cavaquinho é perfeita para ilustrar o sentimento do torcedor na tarde-noite de ontem no Engenhão. Se momentos antes do jogo éramos apenas sorrisos e alegria ao festejarmos o time de homens que honrou nosso manto em 89 e nos fez ressurgir das cinzas, com a bola rolando sobrou apenas a dor. Mas a dor é só do torcedor, pois no final do mês o cascalho estará depositado rigorosamente em dia na conta de cada um desses incompetentes que vem nos envergonhando há seis meses.
Tudo bem que já estamos acostumados à dor, ela sempre esteve conosco e por muitas vezes foi o prenúncio de intensas comemorações. Mas dor a que me refiro nesse momento é maior, pois nada a difere do que sentimos em 2004. E naquele ano ocorreu um milagre na última rodada, e agora estamos brincando de novo com a sorte, e ela invariavelmente vem brigando conosco.
FUTURO SOMBRIO
Quem esteve ontem no mais moderno do Brasil passou o jogo inteiro vislumbrando uma luz no fim do túnel. Em meio à celeuma que tomou conta das arquibancadas, sobretudo na Leste Inferior, onde se concentra a massa alvinegra, as opiniões divergiam, mas quase todos concordavam que nosso sistema defensivo é fraquíssimo. Juninho não pode ser zagueiro, é lento, sem impulso e sem tempo de bola. Emerson não merece comentário. Alessandro é lateral que não vai ao fundo. E no momento também não marca. Eduardo até vinha surpreendendo, mas ontem foi mais do mesmo. O problema era quando sugeríamos as mudanças e olhávamos para o banco. Muito triste pensar positivamente no futuro alvinegro nesse momento.
Ney sacou Juninho e pôs Guerreiro na zaga. Guerreiro falhou em dois gols do Goiás, talvez influenciado pelos companheiros. Juninho falhou no primeiro gol. E Léo Silva e Renan no 2º gol. Tivemos mais quatro falhas e todas resultaram em gol. Emerson prometeu que jamais o time voltaria a errar tanto como na Bahia, e erramos de novo, em pleno Engenhão, e tomamos mais 4 pepinos. E só não foi maior porque o Goiás respeitou a instituição Botafogo, como bem observaram o amigo Flavio e minha esposa Vanessa.
Nosso meio de campo foi uma cratera só, um zero à esquerda em termos ofensivo. Lúcio Flávio talvez seja o símbolo desse time: falta tesão! LF não ligou o meio ao ataque, não bateu falta e mal tocou na bola. Continua se fantasiando de homem invisível, e a torcida não o agüenta mais. Laio correu, esforçou-se e só. Muito pouco para ser titular de uma camisa alvinegra. Ney voltou com Fahel, para nosso desespero.
Não houve consenso em relação ao que deve ser feito. Trocar todo o time é impossível, então sempre sobra para o treinador. Mas quem vai assumir o Bota terá esse elenco à disposição, e não se faz omelete sem ovos. Então a diretoria tem de se mexer agora, pois esperar as últimas rodadas poderá ser fatal.
Que os gritos do fundo da alma dos quase 7 mil abnegados que compareceram ao Engenhão ecoem na mente da nossa diretoria e que haja comprometimento e respeito ao torcedor. Eles não são os donos do clube, a instituição BOTAFOGO é do seu torcedor.
E A TORCIDA EXTRAVAZOU
Após o 4º gol do Goiás a torcida virou as costas para o vexame em campo e, em uníssono, cantou o hino. O Botafogo, para nós, não esteve em campo ontem.
"Vergonha! Vergonha! Time sem vergonha! Ôoooo oooo... fora, Ney Franco! Frangueiro! Frangueiro! Lucio Flavio, vai se f... o Botafogo não precisa de você! Ôoooo... Zé Roberto é o c...! Ôoooo... queremos jogador! Que saudade enorme, que eu sinto de 89! Ei, (nome de vários jogadores) vai tomar no...!" (Sic)
Concordando ou não, o fato é que ninguém agüenta mais. E sinceramente, não quero me conformar mais, como ontem me conformei.
“Na estrada dos louros, num facho de luz, tua estrela solitária te conduz...”
Força Sempre Fogão!
Saudações Alvinegras